Questões CESPE – Crase
1. (Técnico Ministerial/MPE/PI)
“Muitos de novos riscos e incertezas nos afetam onde quer que vivamos, não importa quão privilegiados ou carentes sejamos. Eles inextricavelmente ligados à globalização. A ciência e a tecnologia tornaram-se elas próprias globalizadas.”
Julgue o item a seguir:
O emprego do sinal indicativo de crase em “ligados à globalização” é facultativo, pois o termo “globalização” poderia ser empregado, nesse contexto, de forma indeterminada, indefinida e, consequentemente, sem o artigo definido.
( ) certo ( ) errado
2. (Técnico Bancário Novo/CEF)
Julgue o item a seguir:
Em “(...) há 1.021 cursos superiores ligados a computação, informática, TI e análise de sistemas”, seria mantida a correção gramatical do texto caso fosse empregado o sinal indicativo de crase no “a” em “ligados a computação, informática, TI e análise de sistemas”.
( ) certo ( ) errado
3. (Analista Administrativo/MPU)
“Estudos
a respeito de riqueza e pobreza ora dão quitação a classes pela
forma quantitativa da ordem do ganho econômico, ora pelo grau de consumo na
sociedade capitalista, ora pela forma de apresentação em vestuário, ora pela
violência de quem não tem mais nada a perder e assim por diante.”
(Dina Maria Martins Ferreira. Não pense, veja. São Paulo: Fapesp&Annablume.)
Julgue o item a seguir:
Na
linha 1, a ausência de sinal indicativo de crase no segmento “a classes”
( ) certo ( )
errado
4. (Administrador/MTE)
Julgue
o item a seguir
Em “Não conseguia dormir direito por não conseguir juntar dinheiro sequer para retornar à minha cidade e rever a família”, o sinal indicativo de crase em ‘retornar à minha cidade’ é facultativo e a sua omissão preservaria os sentidos do texto e a correção das estruturas linguísticas.
( ) certo ( ) errado
Em “aspectos que dão margem a uma série de deformações”, mantém-se a correção gramatical do texto ao se substituir o trecho “a uma série” por à uma série, dado o caráter facultativo do emprego do sinal indicativo de crase nesse caso.
( ) certo ( )
errado
6. (Técnico/TJ/RR)
Julgue o item a seguir:
No trecho “Democracia, enfim, que se enlaça tão intimamente à liberdade de imprensa”, o acento grave indicativo de crase em “à liberdade” está corretamente empregado, visto que “intimamente” rege complemento com a preposição “a”, e a palavra “liberdade” é antecedida pelo artigo definido feminino no singular.
( ) certo ( ) errado
7. (Técnico Científico/Banco da Amazônia)
Julgue o item a seguir:
No trecho “Elas requerem que o Estado atente também para a qualificação de uma força de trabalho às voltas com questões cada vez mais complicadas”, o emprego do sinal indicativo de crase em “às populações” deve-se à presença da forma verbal “adequar” e do artigo feminino definido que precede o substantivo.
8. (Analista Judiciário/TJ/AM)
Julgue o item a seguir:
No segmento “estão escritos em linguagem frequentemente ambígua e sujeita a interpretações diversas”, a inserção do sinal indicativo de crase em “a interpretações” ocasionaria erro gramatical no texto.
9. (Professor/Prefeitura de São Cristóvão - SE)
Julgue o item a seguir:
No trecho “contra ela nutrir uma raiva desmedida, bem maior, às vezes, do que a razão mesma da discordância”, a retirada do acento indicativo de crase em “às vezes” não comprometeria a correção gramatical do texto.
10. (Auditor Fiscal/SEFAZ/DF)
“Os pesquisadores alertam que companhias que trabalham em boas causas sem relação com seus negócios centrais tendem a ser menos efetivas.”
Julgue o item a seguir:
Dada a regência do verbo tender, é facultativo o emprego do sinal indicativo de crase no vocábulo “a” em “tendem a ser menos efetivas” .
(
) certo ( )
errado
11. (Analista Bancário/BNB)
Julgue o item a seguir:
No segmento “precisamos aumentar ao máximo o balanço de situações apresentadas à máquina para não pesar um lado mais do que o outro”, o emprego do sinal indicativo de crase em ‘à máquina’ é facultativo; portanto, sua eliminação não prejudicaria a correção gramatical do trecho.
( ) certo ( ) errado
12. (Agente de inteligência/ABIN)
“Se praticada por autoridade superior, a espionagem pode configurar, além de infração penal, crime de responsabilidade, que, a despeito do nome, não tem natureza de crime em sentido técnico, mas, sim, de infração política sujeita a cassação de mandato e suspensão de direitos políticos.”
Fábio de Macedo Soares Pires Condeixa. Espionagem e direito. In: Revista Brasileira de Inteligência, n.º 10, 2015, p. 25-6
Julgue o item a seguir:
O paralelismo sintático do último parágrafo do texto seria prejudicado se fosse inserido sinal indicativo de crase em “a cassação”
( ) certo ( ) errado
Gabarito
1. Item
certo – Em “ligados à globalização”, o adjetivo “ligados” rege a
preposição “a”, e o substantivo “globalização” está precedido do “a”, por isso
ocorre crase. O artigo, diante desse substantivo, determina-o. A supressão do
artigo “a” – com isso, não haveria crase, pois estaria presente apenas a
preposição “a” – indicaria que o substantivo estaria sendo usado em sentido
generalizado, ou seja, de forma indeterminada.
2. Item errado –
Não foi empregado o acento grave em “ligados a computação” porque o termo
“computação” está empregado em sentido geral, sem anteposição de artigo
definido, tal como as demais palavras da enumeração do complemento nominal de
“ligados” – “informática”, “TI”, “análise de sistemas”. Notemos que em uma
enumeração não é necessário repetir a preposição. Assim, “ligados a computação,
informática, TI e análise de sistemas” corresponde a “ligados a computação, a informática,
a TI e a análise de sistemas”. Já, com o artigo, para que os substantivos
estivessem especificados, seria necessário usá-lo antes de todos os elementos da enumeração. Desse modo, para
que houvesse crase antes do primeiro elemento da enumeração (à computação)
– “crase” é a fusão de preposição o artigo –, seria obrigatório empregá-la
antes dos demais termos dessa enumeração: “ligados à computação, à informática,
à TI e à análise de sistemas”.
3. Item
certo – Na oração “dão quitação a classes”, não se usou o sinal
indicativo da crase antes de “classes”, pois esse substantivo foi empregado de
maneira genérica, sem a determinação pelo artigo. O verbo “dar” exige objeto
direto (= quitação) e objeto indireto iniciado por preposição “a” (a classes =
objeto indireto). Observemos que o termo “a” é preposição. Se o autor quisesse
determinar o substantivo “classes” por artigo, haveria crase (dar a {preposição}
+ as {artigo} = às).
4. Item
certo – A crase é facultativa antes de pronomes possessivos adjetivos
no singular (minha, tua, nossa e vossa), uma vez que a presença de artigo antes
desses pronomes é opcional (retornar à minha cidade / retornar ao meu
bairro OU retornar a minha cidade / retornar a meu bairro).
* CRASE FACULTATIVA
Emprega-se facultativamente o acento de crase quando é opcional o uso da preposição a, caso da letra a abaixo, ou do artigo definido feminino, caso das letras b, c, d.
Casos em que a crase é facultativa:
a. Depois da preposição até:
O visitante foi até à
/ a sala do Diretor.
A sessão
prolongou-se até à / a meia-noite.
b. Diante de pronome possessivo feminino acompanhado de
substantivo:
No discurso de
ontem, limitou-se à / a sua pregação de sempre.
Fizeram ameaças à
/ a minha secretária.
Observações
1. Diante de possessivo feminino no plural, é preciso atenção.
1. Diante de possessivo feminino no plural, é preciso atenção.
Pode-se escrever Fizeram ameaças às minhas secretárias ou Fizeram ameaças a minhas secretárias, mas não *Fizeram ameaças à minhas secretárias. Na primeira frase, o acento de crase é obrigatório porque, além da preposição a, exigida pelo substantivo ameaça, usou-se o artigo as, indicado pelo s de às. Já na segunda, o acento de crase não é possível, pois não se usou o artigo, mas apenas a preposição. Essa, aliás, é a razão por que a terceira frase está errada: ali há somente um a, logo não há crase.
2. Nos casos em que o possessivo feminino está ocupando o lugar do substantivo, o acento de crase é obrigatório, pois a presença do artigo torna-se necessária. Observe-se: (A) sua roupa é nova, a minha é usada. Como o primeiro possessivo está acompanhado de substantivo, pode-se usar ou não artigo antes dele, ao passo que antes do segundo, que está só, fazendo as vezes do substantivo, o uso do artigo é obrigatório. Por essa razão, quando houver a preposição a, haverá a crase: Refiro-me a (ou à) sua roupa, não à minha. Compare-se com o masculino, para confirmar: Refiro-me a (ou ao) seu traje, não ao meu.
c.
Diante de nomes próprios femininos (o uso do
artigo antes de substantivos próprios personativos é variável conforme a região
ou a intimidade com a pessoa):
Em
suas dificuldades, sempre recorria à / a Júlia. Jacó preferia Raquel à
/ a Lia.
Observação:
Tratando-se de pessoa célebre com a qual não
se tenha intimidade, geralmente não se usa o artigo nem, consequentemente, o
acento de crase, salvo nos casos em que o nome está acompanhado de
especificativo. Cp.: O orador fez uma bela homenagem a Rachel de Queiroz.
/ O orador fez uma bela homenagem à Rachel de Queiroz de O quinze.
d.
Quando é indiferente usar ou não artigo diante
do substantivo:
Todo trabalhador tem direito à / a aposentadoria. (cp.: Todo trabalhador tem direito a / ao repouso remunerado.)
(*
Brasil. Congresso. Câmara dos Deputados. Manual de redação. — Brasília : Câmara
dos Deputados, Coordenação de Publicações, 2004.
5. Item errado – Não ocorre crase antes do artigo indefinido “uma”.
6. Item errado – No trecho “que se
enlaça tão intimamente à liberdade de imprensa”, ocorre crase porque o verbo
“enlaçar” exige preposição “a” e o substantivo “liberdade” admite o artigo “a”.
Observemos a correlação de “liberdade’ com palavra masculina qualquer: “que se
enlaça tão intimamente à liberdade de imprensa” > “que se
enlaça tão intimamente ao direito de imprensa”.
7. Item certo – O verbo “adequar” é
transitivo direto (os serviços > objeto direto) e indireto. Dado que esse
verbo exige objeto indireto precedido da preposição “de”, e o substantivo
“populações” está antecedido do artigo “as”, ocorre crase. Vejamos que se
trocarmos a palavra “populações” por uma masculina, haverá a correlação “às” /
“aos”: adequar os serviços às
populações de menor renda > adequar os serviços aos povos de menor renda.
8.
Item certo – Quando o a, sozinho, vem antes
de palavra no plural (neste caso, não há artigo definido, pois o substantivo é
empregado com sentido indeterminado, por isso não ocorre crase.
9. Item errado – Nas locuções adverbiais femininas (“às vezes”), a
crase é obrigatória, por isso a retirada do acento indicativo da crase comprometeria a correção gramatical do texto.
*Observação:
Nas locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas como às pressas, às vezes, à risca, à noite, à direita, à esquerda, à frente, à maneira de, à moda de, à procura de, à mercê de, à custa de, à medida que, à proporção que, à força de, à espera de: Saiu às pressas. / Vive à custa do pai. / Estava à espera do irmão. / Sua tristeza aumentava à medida que os amigos partiam. / Serviu o filé à moda da casa.
(*
Martins, Eduardo. Manual de redação e
estilo de O Estado de S. Paulo. São
Paulo: O Estado de S. Paulo, 1997.)
10. Item errado – Não ocorre crase antes de verbo (“tender”).
11. Item errado
– A crase é obrigatória, uma vez que se trata
de locução adverbial feminina (indica instrumento).
Observações:
* 1: A
rigor, não existe o artigo feminino em locuções adverbiais de modo e de
instrumento tais como à bala, à caneta, à faca, à força, à máquina, à
míngua, à vista, etc., o que fica patente quando se troca o substantivo
feminino por equivalente masculino (o artigo masculino não aparece). Cp.: Foi
morto à bala / Foi morto a pau; Escrito à caneta /
Escrito a lápis; Comprou à vista / Comprou a prazo.
Foi o uso que consolidou o emprego do acento grave nessas locuções. (* Brasil.
Congresso. (* Câmara dos Deputados. Manual de redação. —
Brasília : Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações, 2004. 420 p. — Série
fontes de referência. Guias e manuais ; n. 17)
*2. Nas locuções que indicam meio ou
instrumento e em outras nas quais a tradição linguística o exija, como à bala,
à faca, à máquina, à chave, à vista, à venda, à toa, à tinta, à mão, à navalha,
à espada, à baioneta calada, à queima-roupa, à fome (matar à fome):
Morto à bala, à faca, à navalha. / Escrito à tinta, à mão, à máquina. /
Pagamento à vista. / Produto à venda. / Andava à toa. Observação:
Neste caso não se pode usar a regra prática de substituir a por ao.
(*
Martins, Eduardo. Manual de redação e
estilo de O Estado de S. Paulo. São
Paulo: O Estado de S. Paulo, 1997.)
12.
Item certo – Os substantivos “cassação” e “suspensão” não estão determinados
por artigo; isso significa que estamos nos referindo a uma cassação QUALQUER, a
uma suspensão QUALQUER; o termo “a” antes de “cassação” é preposição exigida
pela palavra “sujeita” (quem está sujeita, está sujeita A algo). Notemos que
não é necessário repetir a preposição para os dois complementos nominais (= sujeita a cassação de mandato / sujeita a suspensão
de direitos políticos).
Caso determinássemos o primeiro
substantivo com artigo (“a” > preposição + “a” > artigo = à), por
paralelismo teríamos que determinar também o segundo substantivo, o que
significa que haveria crase igualmente antes de “suspensão”. Então, teríamos
uma frase correta assim: ... sujeita à cassação de mandato e à
suspensão de direitos políticos. É bom salientar que esta nova frase,
apesar de manter paralelismo sintático, ou seja, uma simetria de construção, o
sentido seria diferente (no primeiro caso > sentido generalizante; no
segundo > sentido determinado).
Portanto, o paralelismo sintático do período
seria prejudicado se fosse inserido sinal indicativo de crase em “a cassação”

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