Questões FGV - Tipos de textos

Texto 1: O que causa o pesadelo?

 
As razões pelas quais os pesadelos acontecem ainda não são claras, mas há algumas possibilidades. Uma delas é que, assim como os sonhos, eles podem refletir situações que não conseguimos lidar muito bem diariamente. Estresse, ansiedade, rotina de sono irregular, uso de medicamentos antidepressivos e para hipertensão, tudo isso pode aumentar o risco de ter pesadelos.
Pessoas que sofreram algum tipo de trauma recente, como acidentes, assalto, estupro, morte de uma pessoa querida, tendem a ter sonhos ruins cuja temática esteja, de alguma maneira, ligada ao estresse a que foram submetidos. É como se o cérebro avisasse que elas precisam passar por todo o trauma de novo até superar seu medo.
Problemas físicos ou desconfortos durante o sono também podem causar pesadelos. Quem sofre de apneia, por exemplo, pode incorporar a sensação de falta de ar no sonho. Sabe aquela velha frase que dizia “não dorme de barriga cheia que você terá pesadelo”? Pois bem, se alguma coisa não caiu bem ou se o alimento está dando muito trabalho para ser digerido, é bem provável que essa sensação seja transportada para os sonhos.
Isso acontece porque durante o sono, mesmo dormindo bem profundamente, todos os nossos sentidos ainda estão "funcionando". Com isso, qualquer estímulo externo é percebido e adicionado ao sonho ou pesadelo.
    
(BAIO. Cíntia. UOL Notícias. Ciência e Saúde. 22/03/2016.)
 
1. (Professor Intérprete de Língua Brasileira de Sinais / SEEP) O texto lido nesta prova deve ser classificado como
 
(A) publicitário, pois tenta convencer o leitor de algo.
(B) preditivo, pois procura antever problemas e soluções futuros.
(C) informativo, pois sua finalidade é dar algo a conhecer ao leitor.
(D) normativo, pois indica princípios e normas a serem seguidos.
(E) instrucional, pois estabelece etapas a serem seguidas.
 
Texto 2: A REALIDADE PERCEBIDA PELOS ANIMAIS
 
É difícil imaginar como pode ser o mundo de um animal considerando que não só sua inteligência, mas também seus sistemas sensoriais são diferentes dos nossos. Todavia, os animais captam estímulos que nós não captamos. O ornitorrinco, por exemplo, percebe com seu bico, parecido com o dos patos, as descargas elétricas produzidas pelos camarões, a um metro de distância. As abelhas percebem as alterações elétricas causadas por uma tempestade distante e voltam para a colmeia; as serpentes detectam o calor de suas vítimas; os morcegos percebem o eco dos sons que lançam.
O biólogo alemão von Uexküll assinalou que cada espécie animal vive em um mundo próprio, ao que chamou Umwelt.
 
2. (Analista Judiciário /TJ) O último parágrafo do texto é típico de um texto:
 
  a) informativo;
  b) publicitário;
  c) didático;
  d) instrucional;
  e) preditivo.
 
Texto 3: A locomotiva desacelera
       Desde a virada do século, a China cumpre o papel de locomotiva da economia mundial. Agora, porém, a locomotiva desacelera, talvez bruscamente, encerrando um longo ciclo que se caracterizou pelo boom das commodities e, ainda, por uma expansão acelerada das chamadas “economias emergentes”. Descortina-se uma nova paisagem econômica e geopolítica.
       Sob o impacto da desaceleração chinesa, os “emergentes” enfrentam baixas taxas de crescimento ou, como nos casos extremos da Rússia e do Brasil, profundas recessões. Ao mesmo tempo, os fluxos de investimentos estrangeiros mudam de direção, trocando os “emergentes” pelos Estados Unidos. No longo “ciclo das commodities”, desenvolveu-se a tese de que os Brics constituiriam um polo econômico e político capaz de contrabalançar o poder dos Estados Unidos. Tal tese é uma vítima ilustre da transição global que está em curso.
         (Mundo, outubro de 2015)
 
3. (Contador/ Prefeitura de Niterói) O texto  pode ser classificado como:
  a) informativo;
  b) didático;
  c) publicitário;
  d) instrucional;
  e) normativo.
 
Texto 4
 
(...)
       Para Topol, o futuro está nos smartphones. O autor nos coloca a par de incríveis tecnologias, já disponíveis ou muito próximas disso, que terão grande impacto sobre a medicina. Já é possível, por exemplo, fotografar pintas suspeitas e enviar as imagens a um algoritmo que as analisa e diz com mais precisão do que um dermatologista se a mancha é inofensiva ou se pode ser um câncer, o que exige medidas adicionais.
Folha de São Paulo online – Coluna Hélio Schwartsman – 17/01/2016.

 
4. (MPE/RJ- Técnico) “Para Topol, o futuro está nos smartphones. O autor nos coloca a par de incríveis tecnologias, já disponíveis ou muito próximas disso, que terão grande impacto sobre a medicina”.
 
Segundo esse segmento do texto, pode-se inferir que o texto de Topol pertence ao seguinte modo de organização:
 
(A) informativo;
(B) histórico;
(C) argumentativo;
(D) instrucional;
(E) injuntivo.
 
Texto 5
 
Em 3 de novembro de 1957, a cadela Laika se tornava o primeiro animal da Terra a ser colocado em órbita. A bordo da nave soviética Sputnik2, ela morreu horas depois do lançamento, mas pôde entrar para a história da corrida espacial.
O animal escolhido para ir ao espaço era uma vira-latas de 6Kg de nome kudriavka.  Depois os soviéticos decidiram renomeá-la como Laika. Sua cabine tinha espaço para ela ficar deitada ou em pé. Comida e água eram providenciadas em forma de gelatina. Ela tinha uma proteção e eletrodos para monitorar seus sinais vitais. Os primeiros dados da telemetria mostraram que ela estava agitada, mas comia a ração.
Apesar de toda a preparação, ela morreu devido a uma combinação de superaquecimento e pânico, deixando alguns
cientistas tristes.
 
5. (Assessor Jurídico /Câmara Municipal de Recife) O texto pode ser incluído entre os textos de tipo:
 
(A) narrativo com traços descritivos;
(B) descritivo com traços dissertativo-expositivos;
(C) descritivo, com traços dissertativo-argumentativos;
(D) dissertativo argumentativo com traços narrativos;
(E) dissertativo expositivo com traços descritivos.
 
Texto 6
 
 Estamos no trânsito de São Paulo, ano 2030. E não é preciso apertar os cintos: nosso carro agora trafega sozinho pelas ruas, salvo de acidentes, graças a um sistema que o mantém em sincronia com os demais veículos lá fora. O volante, item de uso opcional, inclina-se de um lado para outro como se fosse manuseado por um fantasma. Mas ninguém liga pra ele - até porque o carro do futuro está cheio de novidades bem mais legais. Em vez dos tradicionais quatro assentos, o que temos agora é uma verdadeira sala de estar, com poltronas reclináveis, mesa no centro e telas de LED. As velhas carrocerias de aço foram substituídas por redomas translúcidas, com visibilidade total para o ambiente externo. Se você preferir, é possível torná-la opaca e transformar o carro em um ambiente privado, quase como um quarto ambulante. Como o sistema de navegação é autônomo, basta informar ao computador aonde você quer ir e ele faz o resto. Resta passar o tempo da forma que lhe der na telha: lendo, trabalhando, assistindo ao seu seriado preferido ou até dormindo. A viagem é agradável e silenciosa. (Superinteressante, novembro de 2014).
 
6. (Analista/TJ/RJ) O texto deve ser incluído, por suas marcas predominantes, entre o seguinte modo de organização discursiva:
 
(A) narrativo;
(B) dissertativo-expositivo;
(C) dissertativo-argumentativo;
(D) dissertativo-informativo;
(E) descritivo.
 
Texto 7: A Carta de Pero Vaz de Caminha
 
       De ponta a ponta é toda praia rasa, muito plana e bem formosa. Pelo sertão, pareceu-nos do mar muito grande, porque a estender a vista não podíamos ver senão terra e arvoredos, parecendo-nos terra muito longa. Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro nem prata, nem nenhuma coisa de metal, nem de ferro; nem as vimos. Mas, a terra em si é muito boa de ares, tão frios e temperados, como os de Entre-Douro e Minho, porque, neste tempo de agora, assim os achávamos como os de lá. Águas são muitas e infindas. De tal maneira é graciosa que, querendo aproveitá-la dar-se-á nela tudo por bem das águas que tem.
(In: Cronistas e viajantes. São Paulo: Abril Educação, 1982. p. 12-23. Literatura Comentada. Com adaptações)
 
7. (DETRAN / RN / Assistente Técnico) A respeito do trecho da Carta de Caminha e de suas características textuais, é correto afirmar que:
 
A) No texto, predominam características argumentativas e descritivas.
B) O principal objetivo do texto é ilustrar experiências vividas através de uma narrativa fictícia.
C) O relato das experiências vividas é feito com aspectos descritivos.
D) A intenção principal do autor é fazer oposição aos fatos mencionados.
E) O texto procura despertar a atenção do leitor para a mensagem através do uso predominante de uma linguagem figurada.
 
Texto 8: A eficácia das palavras certas
 
Havia um cego sentado numa calçada em Paris. A seus pés, um boné e um cartaz em madeira escrito com giz branco gritava: “Por favor, ajude-me. Sou cego”. Um publicitário da área de criação, que passava em frente a ele, parou e viu umas poucas moedas no boné. Sem pedir licença, pegou o cartaz e com o giz escreveu outro conceito. Colocou o pedaço de madeira aos pés do cego e foi embora.
Ao cair da tarde, o publicitário voltou a passar em frente ao cego que pedia esmola. Seu boné, agora, estava cheio de notas e moedas. O cego reconheceu as pegadas do publicitário e perguntou se havia sido ele quem reescrevera o cartaz, sobretudo querendo saber o que ele havia escrito.
O publicitário respondeu: “Nada que não esteja de acordo com o conceito original, mas com outras palavras”. E, sorrindo, continuou o seu caminho. O cego nunca soube o que estava escrito, mas seu novo cartaz dizia: “Hoje é primavera em Paris e eu não posso vê-la”.
(Produção de Texto, Maria Luíza M. Abaurre e Maria Bernadete M. Abaurre)
 
8. (Analista/ IBGE) O texto pertence ao modo narrativo de organização discursiva, caracterizado pela evolução cronológica das ações. O segmento que comprova essa evolução é:
 
(A) “Havia um cego sentado numa calçada em Paris. A seus pés, um boné e um cartaz em madeira escrito com giz branco gritava”;
(B) “Por favor, ajude-me. Sou cego”;
(C) “Um publicitário da área de criação, que passava em frente a ele”;
(D) “parou e viu umas poucas moedas no boné”;
(E) “Sem pedir licença, pegou o cartaz”.
 
Gabarito
 
1. C
 
Comentário:
 
a) Alternativa errada – Não se nota preocupação do autor em convencer o leitor de algo.
b) Alternativa errada – O autor não faz previsões.
c) Alternativa certa – Trata-se de um texto informativo, pois sua finalidade é dar algo a conhecer ao leitor: as causas dos pesadelos.
d) Alternativa errada – O texto não indica princípios nem normas a serem seguidos.
e) Alternativa errada – O texto não apresenta nenhuma instrução.
 
2. C
 
Comentário: O último parágrafo do texto é típico de um texto didático, visto que o autor define o termo “Umwelt”, e a definição tem função didática. Observemos que o autor não só acrescentou que “cada espécie animal vive em um mundo próprio”, mas nos ensinou que isso tem o nome de “Umwelt”.
 
3. A
 
Comentário:
 
a) Alternativa certa – O texto tem a clara intenção de nos transmitir um conhecimento: o impacto da desaceleração chinesa na economia mundial. Por causa da diminuição do ritmo de crescimento da China, vislumbra-se “uma nova paisagem econômica e geopolítica”: os países “emergentes” estão enfrentando “baixas taxas de crescimento ou, como nos casos extremos da Rússia e do Brasil, profundas recessões”  E  “os fluxos de investimentos estrangeiros mudam de direção, trocando os ‘emergentes’ pelos Estados Unidos”.
     
    Observação:
 
        Para que o texto fosse didático, as informações deveriam ser desenvolvidas detalhadamente, para que o leitor ficasse totalmente esclarecido sobre o tema exposto. Não foi o caso. Observemos que, após a leitura do texto, é possível que fiquem dúvidas nos leitores pouco familiarizados com temas econômicos. O autor não explicitou, por exemplo, os termosboom das commodities”, “economias emergentes”, “os fluxos de investimentos estrangeiros” e “Brics”. Resumindo: o autor limitou-se a expor uma informação “bruta”, sem explicá-la.
 
4. C
 
Comentário:
 
Trata-se de um texto argumentativo, visto que o autor defende uma tese {ASSUME UMA POSIÇÃO) – a de que o livro "The Patient...", de Topol, é “uma excelente leitura para os interessados nas transformações da medicina”. Para defender essa tese, autor faz uma reflexão sobre a previsão de Topol: a de que os “incríveis avanços tecnológicos terão grande impacto sobre a medicina” e sobre a relação médico/paciente.
 
Observação: Ao longo do texto, o autor apresenta os argumentos de Topol em relação à tese de que haverá uma revolução na medicina. {ISSO É INFORMAÇÃO / EXPOSIÇÃO}. Esses argumentos servem para que o articulista dê uma opinião sobre o pensamento de Topol: concorda “com as linhas gerais do pensamento de Topol, mas” acha “que, como todo entusiasta da tecnologia, ele provavelmente exagera” {ISSO É ARGUMENTAÇÃO}.
 
Atenção: Se, em um texto, houver segmentos expositivos e argumentativos, o texto será argumentativo (é a exposição servindo de apoio à argumentação).
 
5. C
 
Comentário:
 
Trata-se de texto predominantemente narrativo porque relata um fato – a ida da cadela ao espaço – caracterizado  por uma sequência cronológica de ações, envolvendo personagens (a cadela /os tripulantes)  num espaço (a bordo de uma nave)  e num tempo ( início  > quando foi colocada na nave; depois > horas depois do lançamento {quando morreu}). Os verbos de ação no pretérito perfeito do indicativo (morreu / pôde / decidiram /morreu)  também são indicadores da narração.
Observamos no texto que a narração das ações é intercalada com trechos descritivos  (“era uma vira-latas de 6Kg de nome kudriavka” /  “Sua cabine tinha espaço para ela ficar deitada ou em pé. Comida e água eram providenciadas em forma de gelatina. Ela tinha uma proteção e eletrodos para monitorar seus sinais vitais.” /  “ ela estava agitada, mas comia a ração. “). Mas, apesar de possuir trechos descritivos,  o texto não pode ser considerado descritivo, e sim, narrativo, com traços descritivos  {esses trechos descritivos preparam e reforçam a narrativa), pois a leitura nos mostra que o foco principal da organização das ideias é o conjunto de ações que conduzem a um clímax (a morte da cadela). Portanto, pela predominância tipológica, o texto deve ser classificado como narrativo, e as sequências descritivas funcionam como uma espécie de “cenário” para as ações.
 
* Tipos textuais
 
Descrição e Narração
 
       O tipo narrativo apoia-se em fatos, personagens, tempo e espaço. Relata mudanças de estado entre os fatos ou episódios, seja marcando essas mudanças nos tempos verbais ou não. Além disso, há uma relação de anterioridade e posterioridade entre os fatos narrados e, frequentemente, esses fatos mantêm entre si uma relação de causa e efeito. Por isso, muitas vezes, a ordem em que se enuncia os fatos é relevante para a sequência narrativa.
 
       O tipo descritivo enumera aspectos, físicos ou psicológicos, em simultaneidade.
       Nenhum dos fatos, ou informações, é necessariamente anterior a outro. Por isso, a inversão na ordem dos enunciados não altera a “imagem” que a descrição constrói.
 
       Nas sequências descritivas, a ordenação dos fatos ou episódios não é relevante. As sequências narrativas, ao contrário, caracterizam-se justamente pela “evolução” dos fatos, pela mudança de estado, pelas relações de consequência.
 
       Com os trechos que indicam ação, percebemos mudanças de estado; a ordem dos eventos narrados não pode ser alterada livremente.
       Com os trechos descritivos, percebemos as características, as qualidades das coisas e das pessoas.
 
Exemplo de sequência descritiva:
 
       José Dias amava os superlativos. Era um modo de dar feição monumental às ideias; não as havendo, servia a prolongar as frases. Levantou-se para ir buscar o gamão, que estava no interior da casa. Cosi-me muito à parede, e vi-o passar com as suas calças brancas engomadas, presilhas, rodaque e gravata de mola. Foi dos últimos que usaram presilhas no Rio de Janeiro, e talvez neste mundo. Trazia as calças curtas para que lhe ficassem bem esticadas. A gravata de cetim preto, com um aro de aço por dentro, imobilizava-lhe o pescoço; era então moda. O rodaque de chita, veste caseira e leve, parecia nele uma casaca de cerimônia. Era magro, chupado, com um princípio de calva; teria os seus cinquenta e cinco anos. Levantou-se com o passo vagaroso do costume, não aquele vagar arrastado dos preguiçosos, mas um vagar calculado e deduzido, um silogismo completo, a premissa antes da consequência, a consequência antes da conclusão. Um dever amaríssimo! (Machado de Assis. Dom Casmurro)
 
 
Exemplo de sequência narrativa:
 
       Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei no trem da Central um rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, sentou-se ao pé de mim, falou da lua e dos ministros, e acabou recitando-me versos. A viagem era curta, e os versos pode ser que não fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que, como eu estava cansado, fechei os olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso. (Machado de Assis. Dom Casmurro)
 
2. Dissertação
 
       A classificação de um texto como do tipo dissertativo encobre características textuais de duas naturezas: por um lado, temos o tipo expositivo, que apenas expõe ideias; por outro, o tipo argumentativo, que objetiva convencer o interlocutor sobre a validade dessas ideias.
 
       Num resumo simplificado, podemos dizer que, quando as ideias que compõem um texto dissertativo podem ser aceitas mais ou menos independentemente de crenças ou convicções, estamos diante do tipo expositivo; quando essas ideias dependem de visões de mundo e exigem do leitor/ouvinte uma atitude de acreditar (ou não), estamos diante de um texto argumentativo.
      
       Podemos dizer que existe uma intenção de esclarecimento ligada ao texto expositivo, e uma intenção de convencimento ligada ao texto argumentativo.
 
       Enquanto o tipo descritivo enumera as características de um ser (pessoa ou coisa) e o narrativo apresenta uma sequência de ações, o tipo dissertativo caracteriza-se por descrever, interpretar, explicar ou expor ideias ou conceitos.
       Quando o objetivo explícito do texto é apenas apresentar as ideias, sem objetivar convencer o leitor/ouvinte, dizemos que se trata de texto expositivo.
       Quando existe o objetivo explícito de fazer o leitor/ouvinte acreditar nas ideias expostas, dizemos que o tipo é argumentativo.
 
       Um texto dissertativo organiza-se sempre em torno de uma ideia central, para a qual outras ideias (secundárias) servem de apoio. Essa ideia central pode ser denominada tese; as outras são os argumentos que dão sustentação à tese.
       É comum o texto dissertativo, especialmente o argumentativo, fazer uso de citações de outras pessoas, como também é comum utilizar sequências de outros tipos como parte do desenvolvimento de suas ideias.
 
Exemplo de sequência dissertativa expositiva:
 
       A procura por substâncias com propriedades medicinais está levando os cientistas para o fundo dos oceanos. Dezenas de companhias de biotecnologia estão mapeando as águas dos cinco continentes para delas extrair amostras dos mais variados seres de vida marinha. Um dos pesquisadores mais empenhados no estudo dos segredos do mar é Craig Venter, pioneiro no sequenciamento do código genético humano. Ele lidera a Expedição Sorcerer II (em inglês, sorcerer quer dizer feiticeiro), que singra os mares desde 2009 para coletar exemplares. Antes ancorados no Mediterrâneo, os barcos de pesquisa de Venter irão agora à costa da Flórida, nos Estados Unidos. (Mônica Tarantino. ISTOÉ. N° Edição:  2153.)
 
Exemplo de sequência dissertativa argumentativa:
 
       Até o próximo dia 25, o governo Dilma Rousseff pretende preencher todos os cargos de segundo escalão, acomodando os interesses dos partidos que compõem a base aliada. Não tem sido tarefa fácil. Não bastasse a acalorada disputa entre PT e PMDB por postos estratégicos em estatais, o Palácio do Planalto vem enfrentando outro grande problema na hora de definir os nomes com base nas listas apresentadas pelos dirigentes partidários. Contrariando orientação da própria presidente da República, as legendas têm indicado políticos que, desprovidos dos votos que também são desprovidos da bagagem técnica necessária para a função. Na maioria dos casos, o critério adotado pelos partidos observa o compadrio em detrimento da qualificação, transformando as vagas disponíveis, muitas vezes postos considerados chave para o desenvolvimento do País, num mero consolo para desempregados. É a famosa boquinha para quem, sem qualquer especialização, sobrevive à custa de nomeações para cargos públicos. “São pessoas que não têm qualificação para entrar no setor privado com o nível salarial que usufruem no setor público. Qualquer empresa que considere a relação custo/benefício não os contrataria”, constata o economista Raul Velloso, especializado em finanças públicas. (Octávio Costa e Sérgio Pardellas. ISTOÉ. N° Edição:  2152.)
 
3. Injunção (ou instrução)
 
   Sequências tipológicas injuntivas ou instrucionais têm por objetivo instruir o leitor/ ouvinte sobre alguma coisa. Por isso, as formas verbais mais frequentemente empregadas estão no modo imperativo. Por delicadeza, para utilizar uma linguagem mais polida, a intenção de ordem pode ser expressa por perguntas ou por incentivos a alguma ação. O importante é que sequências instrucionais se caracterizam por fazer o interlocutor executar alguma ação. A ordenação das ações, por isso, pode ser relevante e a sequenciação entre os enunciados pode corresponder a uma conexão necessária entre os atos a executar.
 
 Exemplo de sequência injuntiva:
 
       Pode aposentar a chapinha. Os fios levemente ondulados e cheios de movimento, no estilo Gisele Bundchen, são a cara da estação. Para conseguir o efeito, embarque na nossa proposta de escova de verão: rápida, prática e facinha de fazer. Você vai economizar força no braço e um bom tempo na frente do espelho. (Bruna Bittencourt. Claudia. www.claudia.abril.com.br)
 
* Programa Gestão da Aprendizagem Escolar - Gestar II. Língua Portuguesa: Caderno de Teoria e Prática 3 - TP3: gêneros e tipos textuais. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2008. Maria Luiza Monteiro Sales Coroa.
 
Obs.: Os exemplos foram colhidos por nós.
 
6. E
 
Comentário:
 
a) Alternativa errada – narrativo. / Não existe uma sucessão temporal de ações; elas poderiam aparecer em ordem diferente no texto e, mesmo assim, haveria coerência. Desse modo, o texto não é narrativo.
b) Alternativa errada – dissertativo-expositivo. / O texto não se estrutura de forma a expor uma ideia, portanto não é um texto dissertativo-expositivo.
c) Alternativa errada – dissertativo-argumentativo. / O texto não defende nenhuma tese, por isso não é um texto dissertativo-argumentativo. Notemos que o texto não nos tenta convencer sobre a importância do carro do futuro.
e) Alternativa errada – dissertativo-informativo.  / O texto não tem o objetivo de transmitir nenhum conhecimento, tendo cuidado com a precisão das informações. Aliás, o que pertence ao imaginário não pode ser informação. Dessa forma não se trata de texto dissertativo-informativo.
e) Alternativa certa – descritivo. / O objetivo do texto é retratar o carro do futuro, com a apresentação de suas características físicas (“volante, item de uso opcional”, “poltronas reclináveis, mesa no centro e telas de LED”, “As velhas carrocerias de aço foram substituídas por redomas translúcidas”, “sistema de navegação é autônomo” etc.) e suas qualidades (nosso carro agora trafega sozinho pelas ruas, salvo de acidentes, graças a um sistema que o mantém em sincronia com os demais veículos lá fora”, oferecimento de “visibilidade total para o ambiente externo”, possibilidade de se transformar em “um ambiente privado” etc.). Essas qualidades apresentadas não são opinião do autor, mas apenas uma constatação da “realidade”.
      Como dissemos na alternativa A, não existe uma sucessão temporal de ações; elas poderiam aparecer em ordem diferente no texto e, mesmo assim, haveria coerência. Desse modo, o texto não é narrativo, mas descritivo.
 
7. Resposta: C
 
Comentário:
 
a) Alternativa errada – No texto predominam as características descritivas: um retrato da nova terra.
b) Alternativa errada – O relato é real, e não fictício.
c) Alternativa certa – Ao relatar o que viu, Pero Vaz de Caminha descreve minuciosa e pomposamente os elementos naturais da nova terra.
d) Alternativa errada – O autor não tece qualquer crítica ao que viu; ao contrário, seu relato é uma apaixonada defesa das qualidades da nova terra.
e) Alternativa errada – No texto predomina a linguagem denotativa, e não a figurada.
 
8. D
 
Comentário:
 
a) Alternativa errada – “Havia um cego sentado numa calçada em Paris. A seus pés, um boné e um cartaz em madeira escrito com giz branco gritava”. – Esta sequencia é descritiva, as ações são concomitantes, ou seja, acontecem simultaneamente.
b) Alternativa errada – “Por favor, ajude-me. Sou cego”. – Esta sequência é injuntiva, cujo objetivo é influenciar o comportamento humano do receptor, levando-o a uma mudança de comportamento; nas sequências injuntivas não ocorre evolução temporal.
c) Alternativa errada – “Um publicitário da área de criação, que passava em frente a ele”. – Assim como na alternativa A, esta sequência é descritiva, caracterizada por ações simultâneas.
d) Alternativa certa – “Evolução cronológica das ações”, também chamada de “sequência cronológica de ações”, significa  que as ações estão encadeadas umas após as outras. Na frase “parou e viu umas poucas moedas no boné”, percebe-se uma ordem temporal: primeiro, “parou”; depois (e = depois), “viu umas poucas moedas no boné”.
e) Alternativa errada – “Sem pedir licença, pegou o cartaz”.  Aqui há apenas uma ação – a de pegar o cartaz, portanto não existe evolução cronológica. Observemos que a oração “Sem pedir licença” indica apenas o modo como ele agiu.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Questões de Regência – Cebraspe (CESPE)

Questões Cebraspe – Concordância