1º Simulado TJ/RJ (Questões Cebraspe)

Texto 1

     

1.     A história constitucional brasileira está repleta de

2.    referências difusas à segurança pública, mas, até a Constituição

3.    Federal de 1988 (CF), esse tema não era tratado em capítulo

4.    próprio nem previsto mais detalhadamente no texto

5.    constitucional.

6.          A constitucionalização traz importantes consequências

7.    para a legitimação da atuação estatal na formulação e na

8.    execução de políticas de segurança. As leis acerca de

9.    segurança, nos três planos federativos de governo, devem estar

10. em conformidade com a CF, assim como as respectivas

11. estruturas administrativas e as próprias ações concretas das

12. autoridades policiais. Devem ser especialmente observados os

13. princípios constitucionais fundamentais — a república, a

14. democracia, o estado de direito, a cidadania, a dignidade da

15. pessoa humana — bem como os direitos fundamentais — a

16. vida, a liberdade, a igualdade, a segurança. O art. 144 deve ser

17. interpretado de acordo com o núcleo axiológico do sistema

18. constitucional em que se situam esses princípios fundamentais.

Cláudio Pereira de Souza Neto. A segurança pública na Constituição Federal de 1988: conceituação constitucionalmente adequada, competências federativas e órgãos de execução das políticas. Internet: <www.oab.org.br> (com adaptações).

 

1. Com relação às ideias e a aspectos gramaticais desse texto, assinale a alternativa correta.

 

a) A correção gramatical do texto não seria prejudicada caso se suprimisse a vírgula antes da conjunção  “mas” (l.2).

b) A substituição dos travessões por vírgulas na linha 15 por parênteses comprometeria a correção gramatical do texto.

c) Depreende-se do texto que uma das consequências da constitucionalização da segurança pública foi o amparo legal para a atuação do Estado em ações que visam à segurança.

d) Na linha 2, o emprego do acento indicativo de crase em “à segurança pública” justifica-se pela regência do termo “difusas” e pela presença do artigo definido a antes de “segurança pública”.

e) Mantendo-se a coerência e a correção gramatical do texto, o trecho “em que se situam esses princípios fundamentais” (l.18) poderia ser substituído por “aonde se situam esses princípios fundamentais”.

 

Texto 2

 

1.           Fundada por Ptolomeu Filadelfo, no início do século III

2.    a.C., a biblioteca de Alexandria representa uma epígrafe perfeita

3.    para a discussão sobre a materialidade da comunicação. As

4.    escavações para a localização da biblioteca, sem dúvida um dos

5.    maiores tesouros da Antiguidade, atraíram inúmeras gerações de

6.    arqueólogos. Inutilmente. Tratava-se então de uma biblioteca

7.    imaginária, cujos livros talvez nunca tivessem existido? Persistiam,

8.    contudo, numerosas fontes clássicas que descreviam o lugar em que

9.    se encontravam centenas de milhares de rolos. E eis a solução do

10. enigma. O acervo da biblioteca de Alexandria era composto por

11. rolos e não por livros — pressuposição por certo ingênua, ou seja,

12. atribuição anacrônica de nossa materialidade para épocas diversas.

13. Em vez de um conjunto de salas com estantes dispostas

14. paralelamente e enfeixadas em um edifício próprio, a biblioteca de

15. Alexandria consistia em uma série infinita de estantes escavadas nas

16. paredes da tumba de Ramsés. Ora, mas não era essa a melhor forma

17. de colecionar rolos, preservando-os contra as intempéries? Os

18. arqueólogos que passaram anos sem encontrar a biblioteca de

19. Alexandria sempre a tiveram diante dos olhos, mesmo ao alcance

20. das mãos. No entanto, jamais poderiam localizá-la, já que não

21. levaram em consideração a materialidade dos meios de comunicação

22. dominante na época: eles, na verdade, procuravam uma biblioteca

23. estruturada para colecionar livros e não rolos. Quantas bibliotecas

24. de Alexandria permanecem ignoradas devido à negligência com a

25. materialidade dos meios de comunicação?

26.        O conceito de materialidade da comunicação supõe a

27. reconstrução da materialidade específica mediante a qual os valores

28. de uma cultura são, de um lado, produzidos e, de outro,

29. transmitidos. Tal materialidade envolve tanto o meio de

30. comunicação quanto as instituições responsáveis pela reprodução da

31. cultura e, em um sentido amplo, inclui as relações entre meio de

32. comunicação, instituições e hábitos mentais de uma época

33. determinada. Vejamos: para o entendimento de uma forma particular

34. de comunicação — por exemplo, o teatro na Grécia clássica ou na

35. Inglaterra elizabetana; o romance nos séculos XVIII e XIX; o

36. cinema e a televisão no século XX; o computador em nossos dias

37. —, o estudioso deve reconstruir tanto as condições históricas quanto

38. a materialidade do meio de comunicação. Assim, no teatro, a voz e

39. o corpo do ator constituem uma materialidade muito diferente da

40. que será criada pelo advento e difusão da imprensa, pois os tipos

41. impressos tendem, ao contrário, a excluir o corpo do circuito

42. comunicativo. Já os meios audiovisuais e informáticos promovem

43. um certo retorno do corpo, mas sob o signo da virtualidade.

44. Compreender, portanto, como tais materialidades influem na

45. elaboração do ato comunicativo é fundamental para se entender

46. como chegam a interferir na própria ordenação da sociedade.

João C. de C. Rocha. A matéria da materialidade: como localizar a biblioteca deb                    Alexandria? In: João C. de C. Rocha (Org.). Interseções: a materialidade da    comunicação. Rio de Janeiro: Imago; EDUERJ, 1998, p. 12, 14-15 (com adaptações).

 

2. Com relação às ideias texto, assinale a alternativa correta.

 

a)  Infere-se que a descoberta arqueológica da tumba de Ramsés precede as investigações de arqueólogos acerca da biblioteca de Alexandria.

b)  Depreende-se que a pesquisa arqueológica deve prescindir de fontes documentais e concentrar-se na avaliação de achados materiais.

c) Depreende-se que, para um bom entendimento da história do rádio como meio de comunicação, por exemplo, é preciso atentar, entre outros aspectos, não só para o modo como se ouviu e se ouve rádio (individual ou coletivamente), mas também para os diversos formatos desse aparelho, desde seu surgimento.

d)  após muitos anos de pesquisa frustrada, baseada em pressupostos culturais equivocados, os arqueólogos encontraram as ruínas da biblioteca de Alexandria e os rolos que constituíam seu acervo.

e) A pergunta às linhas 16-17 não poderia ser suprimida do texto sem prejuízo para a sua coerência.

 

3. Com relação aos aspectos semânticos e linguísticas do texto, assinale a alternativa correta.

 

a) O vocábulo “epígrafe” (l.2) significa inscrição sobre a lápide de túmulos ou sobre monumentos funerários e é usado no texto como metáfora tanto da materialidade tumular da biblioteca de Alexandria, quanto do tempo decorrido desde sua existência até o presente.

b)  A preposição “para”, em “para a discussão” (l.3) e em “para colecionar livros” (l.23), apresentam valores semânticos diferentes.

c) A partícula “se”, em “Tratava-se” (l.6) e em “se encontravam” (l.9), classifica-se, respectivamente, como índice de indeterminação do sujeito e pronome reflexivo.

d) Na linha 7, “cujos” expressa uma relação de posse.

e) O último período do texto poderia ser assim reescrito, sem prejuízo para a correção gramatical do texto: Compreender, pois, o modo porque tais materialidades influenciam na elaboração do ato comunicativo é essencial para entender-se como elas chegam à afetar na própria organização do tecido social.

 

4. Com relação à pontuação do texto, assinale a alternativa correta.

 

a) A retirada da vírgula logo após “No entanto” (l.20) não provocaria erro gramatical.

b) O sentido original do texto seria mantido caso fosse inserida vírgula imediatamente antes do pronome “que”, em “Os arqueólogos que passaram anos sem encontrar a biblioteca de Alexandria” (l.18).

c)  Na linha 23, o ponto final após “rolos” poderia ser substituído por ponto e vírgula, desde que o termo “Quantas” fosse grafado com minúscula: quantas.

d) A retirada das vírgulas em “Compreender, portanto, como tais materialidades influem na elaboração do ato comunicativo” (l.44-45) não comprometeria a correção gramatical.

e) A expressão “da comunicação” (l.26) poderia ser separada por vírgulas;

 

Texto 3

 

1.           O direito que se realiza pacificamente é o ideal —

2.    praticamente inatingível — de uma sociedade que se queira

3.    justa. Justiça, a seu turno, exige efetivação de direitos

4.    humanos, configuração da verdadeira cidadania, a qual

5.    abrange, obrigatoriamente, direitos civis, sociais e políticos;

6.    adoção de políticas públicas amplas e eficazes. Justiça não é

7.    simplesmente acesso ao Poder Judiciário, o qual, por mais

8.    estruturado e eficiente que seja, não a promove sozinho.

9.           Não se pode exercer, pacífica ou contenciosamente,

10. um direito de que não se sabe titular. E a grande maioria da

11. população brasileira não exerce seus direitos simplesmente

12. porque os desconhece — o que é mais grave —, em uma

13. ignorância hábil para provocar grande parte das mazelas

14. sociais que lotam os jornais brasileiros contemporâneos.

15. Dizimar tal ignorância é papel essencial da defensoria pública.

                Amélia Soares da Rocha. Defensoria pública e igualdade material no acesso à justiça. Internet: <www.adital.com.br> (com adaptações).

 

5. Considerando os aspectos linguísticos e as ideias do texto, assinale a alternativa correta.

 

a) De acordo com o texto, a parcela da população brasileira que não exerce seus direitos não tem acesso à defensoria pública.

b) De acordo com o texto, justiça e Poder Judiciário são matérias comple­mentares.

c) O texto é imparcial com relação ao tema tratado, limitando-se a descrever os conceitos de direito e justiça; é, por isso, essencialmente descritivo.

d) O texto, por defender uma tese – a de que a cidadania só pode ser exer­cida de forma plena quando os indivíduos têm conhecimento de seus direitos e deveres –, é predominantemente dissertativo-argumentativo.

e) Não exercer os direitos que se tem por desconhecê-los é bastante grave, segundo o texto, porque esse é um caso muito difícil de ser resolvido.

 

Texto 4

 

1.           Para a maioria das pessoas, os assaltantes, assassinos e

2.    traficantes que possam ser encontrados em uma rua escura da

3.    cidade são o cerne do problema criminal. Mas os danos que tais

4.    criminosos causam são minúsculos quando comparados com os

5.    de criminosos respeitáveis, que vestem colarinho

6.    branco e trabalham para as organizações mais poderosas.

7.    Estima-se que as perdas provocadas por violações das leis

8.    antitrust — apenas um item de uma longa lista dos principais

9.    crimes do colarinho branco — sejam maiores que todas as

10. perdas causadas pelos crimes notificados à polícia em mais de

11. uma década, e as relativas a danos e mortes provocadas por esse

12. crime apresentam índices ainda maiores. A ocultação, pela

13. indústria do asbesto (amianto), dos perigos representados por

14. seus produtos provavelmente custou tantas vidas quanto as

15. destruídas por todos os assassinatos ocorridos nos Estados

16. Unidos da América durante uma década inteira; e outros

17. produtos perigosos, como o cigarro, também provocam, a cada

18. ano, mais mortes do que essas.

James William Coleman. A elite do crime. 5.ª ed., São Paulo: Manole, 2005, p. 1 (com adaptações).

 

6. Considerando as ideias e aspectos linguísticos desse texto, assinale a alternativa correta.

 

a) Sem prejuízo para a coerência textual e a correção gramatical, o trecho  “Mas os danos (...) minúsculos”, que inicia o segundo período do texto, poderia ser substituído por: Embora os danos causados por esses criminosos sejam ínfimos (...).

b)  No segmento “quanto as destruídas” (l.14-15), o emprego do acento grave é facultativo, visto que o termo “quanto” rege complemento com ou sem a preposição a.

c) Haveria prejuízo para o sentido original do texto e para a correção gramatical caso a expressão “a cada ano” (l.17-18) fosse deslocada, com as vírgulas que a isolam, para imediatamente depois de “e” (l.16).

d) Pela leitura do texto, conclui-se que, nos Estados Unidos da América, os efeitos anuais do tabagismo são mais danosos que os de uma década de violência urbana somados aos do uso de produtos fabricados com amianto.

e) Conclui-se da leitura do texto que os efeitos das ações de criminosos de rua não são, de fato, tão danosos à sociedade quanto os das ações praticadas por criminosos de colarinho branco.

 

Texto 5

 

1.           Acho que, se eu não fosse tão covarde, o mundo seria

2.    um lugar melhor. Não que a melhora do mundo dependa de

3.    uma só pessoa, mas, se o medo não fosse constante, as pessoas

4.    se uniriam mais e incendiariam de entusiasmo a humanidade.

5.    Mas o que vejo no espelho é um homem abatido diante das

6.    atrocidades que afetam os menos favorecidos.

7.           Se tivesse coragem, não aceitaria crianças passarem

8.    fome, frio e abandono. Elas nos assustam com armas nos

9.    semáforos, pedem esmolas, são amontoadas em escolas que

10. não ensinam, e, por mais que chorem, somos imunes a essas lágrimas.

11.        Sou um covarde diante da violência contra a mulher,

12. do homem contra o homem. E porque os índios estão tão longe

13. da minha aldeia e suas flechas não atingem meus olhos nem o

14. coração, não me importa que tirem suas terras, sua alma.

15. Analfabeto de solidariedade, não sei ler sinais de fumaça. Se

16. tivesse um nome indígena, seria “cachorro medroso”. Se fosse

17. o tal ser humano forte que alardeio, não aceitaria famílias sem

18. terem onde morar.

Sérgio Vaz. Antes que seja tarde. In: Caros Amigos, mai./2013, p. 8 (com adaptações).

 

7. Com base na leitura do texto, assinale a alternativa correta.

 

a) A supressão das vírgulas que isolam a oração “se o medo não fosse constante” (l.3) não afetaria a correção gramatical do texto.

b) A coerência e a coesão do texto não seriam prejudicadas se o trecho “se o medo não fosse constante, as pessoas (...) a humanidade.” (l.3-4) fosse reescrito da seguinte forma: se o medo não for constante, as pessoas se unirão mais e incendiarão de entusiasmo a humanidade.

c)  O verbo “alardear”, em “Se fosse o tal ser humano forte que alardeio” (l.16-17), está empregado no sentido de “vangloriar-se”, “gabar-se”.

d) Infere-se do texto que as mazelas que assolam o mundo se devem às desigualdades sociais.

e) As palavras “índios” (l.12)” e “indígena” (l.16) recebem acento gráfico com base na mesma regra gramatical.

 

 

Gabarito

 

1. C

 

Comentário:

a) Item errado As conjunções adversativas são precedidas obrigatoria­mente de vírgula, ponto-e-vírgula ou ponto. Por conseguinte, a corre­ção gramatical do texto seria prejudicada caso se suprimisse a vírgula antes da conjunção “mas”.

b) Item errado De modo geral, dois travessões podem ser substituídos por dois parênteses ou duas vírgulas, portanto a substituição sugerida não comprometeria a correção gramatical do texto.

c) Item certo – O trecho “A constitucionalização traz importantes consequências para a legitimação da atuação estatal na formulação e na execução de políticas de segurança” comprova que uma das consequências da constitucionalização da segurança pública foi o amparo legal para a atuação do Estado em ações que visam à segurança.

d) Item errado O emprego do acento indicativo de crase em “à segurança pública” justifica-se pela regência do termo “referência” (e não “difu­sas”) e pela presença do artigo definido “a” antes de “segurança pública” (quem faz referência, faz  referência A algo).

e) Item errado Usa-se “aonde” com verbos que exigem preposição “a” > indicam movimento (ir a, dirigir-se a, chegar a etc.); usa-se “onde” com verbos que exigem preposição “em” > verbos estáticos (morar em, estar em, trabalhar em etc.) Como o verbo “situar-se” exige preposição “em”, a expressão “em que” poderia ser substituída por “onde”, e não por “aonde”.

Correção: “onde se situam esses princípios fundamentais”.

 

2. C

 

Comentário:

a) Item errado Do trecho “a biblioteca de Alexandria consistia em uma série infinita de estantes escavadas nas paredes da tumba de Ramsés” podemos inferir que a descoberta arqueológica da tumba de Ramsés precede a descoberta da biblioteca de Alexandria, ou seja, pri­meiro aconteceu a descoberta da tumba para depois se perceber a biblioteca encra­vada nessa tumba. O problema deste item é que nele não se afirma que a descoberta arqueológica da tumba de Ramsés precede a descoberta da biblioteca de Alexandria, mas que a descoberta arqueológica da tumba de Ramsés precede as investigações de arqueólogos acerca da biblioteca de Alexandria. Ora, o fato de o descobrimento da biblioteca ter acon­tecido depois do da tumba não nos permite inferir que investigações arqueológicas acerca da biblioteca tenham começado posteriormente à descoberta dessa tumba, uma vez que as investigações podem ter-se iniciado em qualquer época. Como podemos observar, a substituição de “investigações” por “descobertas”, palavras semanticamente diferentes, poderiam levar-nos ao erro.

b) Item errado – O autor não defende a tese de que pesquisa arqueológica deve prescindir (prescindir = dispensar) de fontes documentais – o que seria absurdo –, muito menos a de que a pesquisa deve concentrar-se na avaliação de achados materiais. O que o autor defende é que em qualquer pesquisa sobre o passado é indispensável levar em conta a materialidade da comunicação, isto é, o objeto a ser pesquisado deve ser considerado a partir de um contexto abrangente, que envolva a reconstrução da época em que esse objeto foi construído. Em outras palavras, numa pesquisa é fundamental que reconheçamos as circunstâncias sociais, culturais e históricas em que o objeto foi produzido. É como se procurássemos algo com os olhos do passado. O trecho a seguir é elucidativo: “O conceito de materialidade da comunicação supõe a reconstrução da materialidade específica mediante a qual os valores de uma cultura são, de um lado, produzidos e, de outro, transmitidos. Tal materialidade envolve tanto o meio de comunicação quanto as instituições responsáveis pela reprodu­ção da cultura e, em um sentido amplo, inclui as relações entre meio de comunicação, instituições e hábitos mentais de uma época determinada.”. A dificuldade de encontrar a biblioteca de Alexandria comprova a tese do autor – a de que os pesquisadores não levaram em conta a materiali­dade da comunicação: “Os arqueólogos que passaram anos sem encontrar a biblioteca de Alexandria sempre a tiveram diante dos olhos, mesmo ao alcance das mãos. No entanto, jamais poderiam localizá-la, já que não levaram em consideração a materialidade dos meios de comunicação dominante na época.”.

c) Item certoO articulista do texto afirma que “os meios audiovisu­ais e informáticos promovem um certo retorno do corpo, mas sob o signo da virtualidade” e que “compreender, portanto, como tais mate­rialidades influem na elaboração do ato comunicativo é fundamental para se entender como chegam a interferir na própria ordenação da sociedade”. Resumidamente, para se entender o rádio, deve-se levar em conta a materialidade da comunicação. Isso nos permite inferir que, “para um bom entendimento da história do rádio como meio de comu­nicação, por exemplo, é preciso atentar, entre outros aspectos, não só para o modo como se ouviu e se ouve rádio (individual ou coletiva­mente), mas também para os diversos formatos desse aparelho, desde seu surgimento”.

d) Item erradoDe acordo com o texto, os arqueólogos nunca encontra­ram as ruínas da biblioteca de Alexandria e os rolos que constituíam seu acervo: “No entanto, jamais poderiam localizá-la, já que não levaram em consideração a materialidade dos meios de comunicação dominante na época: eles, na verdade, procuravam uma biblioteca estruturada para colecionar livros e não rolos.”

e) Item errado – A pergunta que finaliza o parágrafo pode ser suprimida do texto sem prejuízo para a sua coerência, visto que se trata de uma pergunta retórica. Ela serve apenas de orientação para a organização e aceitação dos argumentos. Em outras palavras, o articulista faz uma pergunta não para obter resposta, mas para que os leitores concordem com ele.

 

3. D

 

Comentário:

 

a) Item errado“Inscrição sobre a lápide de túmulos ou sobre monu­mentos funerários” não é o significado de “epígrafe”, mas de “epitáfio”, portanto este item está errado. Vejamos o significado de “epígrafe”, de acordo com o Dicionário Eletrônico Houaiss: 1 Inscrição ( ‘palavra ou frase que se grava’) / 2 título ou frase que, colocada no início de um livro, um capítulo, um poema etc., serve de tema ao assunto ou para resumir o sentido ou situar a motivação da obra; mote / 3 fragmento de texto, citação curta, máxima etc., colocada em frontispício de livro, no início de uma narrativa, um capítulo, uma composição poética etc.”.

b) Item erradoA preposição “para”, nas duas ocorrências, introduz expres­são que exprime finalidade, ou seja, indica o objetivo do que se declarou anteriormente: a finalidade  da epígrafe era a discussão sobre a materia­lidade da comunicação; a finalidade da procura de uma biblioteca estru­turada era colecionar livros, e não rolos de comunicação.

c) Item errado – A primeira afirmação está correta; em “Tratava-se”, o “se” é índice de indeterminação do sujeito – é usado com verbos transitivos indiretos, verbos intransitivos, verbos transitivos diretos preposicionados e verbos de ligação. Serve para indeterminar o sujeito. Já em “se encontravam”, o termo “se” é pronome apas­sivador, portanto a afirmação que se fez  está errada. No segundo caso, o pronome é  usado com verbos transitivos diretos e com verbos transitivos diretos e indiretos, formando a voz passiva sintética; o verbo tem corres­pondência na voz passiva analítica, concordando com o sujeito: um lugar onde se encontravam centenas de milhares de rolos (voz passiva sintética) = um lugar onde centenas de milhares de rolos eram encontrados (voz passiva analítica).

d) Item certoO pronome relativo “cujo”, e flexões, sempre indica posse. No trecho uma biblioteca imaginária, cujos livros talvez nunca tives­sem existido?”, “cujos livros” corresponde a “seus livros”, “livros de uma biblioteca imaginária”. De acordo com Celso Cunha & Lindley Cintra, “Cujo é ao mesmo tempo, relativo e possessivo, equivalente pelo sentido a do qual, de quem, de que. Emprega-se apenas como pronome adjetivo e concorda em gênero e número com o termo consequente”. (Cunha, Celso & Cintra, Lindley. Nova Gramática do Português Con­temporâneo. 3ª ed., Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2001).

       Observemos que, em “uma biblioteca imaginária, cujos livros talvez nunca tivessem existido?”, o termo “cujos” refere-se ao antecedente (o possuidor) “uma biblioteca imaginária” e ao consequente (a coisa pos­suída) “livros”.

e) Item erradoA reescritura apresenta alguns erros gramaticais: o termo “porque” deveria ser escrito separadamente (= “por que”), visto que corresponde a “pelo qual”; não ocorre crase antes de verbo, desse modo o certo é “a afetar”, e não “à afetar”; o verbo “afetar” é transitivo direto, por isso o correto não é “afetar na”, mas “afetar a”.

     Correção: Compreender, pois, o modo por que tais materialidades influen­ciam na elaboração do ato comunicativo é essencial para entender-se como elas chegam a afetar a própria organização do tecido social.

 

4. A

 

Comentário:

a) Item certoA vírgula é facultativa depois das conjunções adversativas (porém, contudo, todavia, no entanto, entretanto etc.) e das conclusivas (portanto, por conseguinte etc.), quando esses conectivos iniciarem frase. Atenção: É incorreto colocar vírgula depois da conjunção mas quando não houver intercalações. Assim, caso a conjunção “No entanto” fosse substituída por “Mas”, a vírgula deveria ser retirada. Se na frase em debate houvesse alguma intercalação de termos, haveria duas vírgulas para separar esses termos. Exemplo: No entanto, embora se forçassem muito, jamais poderiam localizá-la,(...)”. Notemos que as duas vírgulas separam a oração adverbial deslocada “embora se esforçasse muito”, não tendo nenhuma relação com “Mas”.

b) Item errado – Caso fosse inserida vírgula imediatamente antes do pro­nome “que”, o sen­tido original do texto seria alterado. Em “Os arqueólogos que passaram anos sem encontrar a biblioteca de Alexandria”, a oração “que passaram anos” é restritiva, ou seja, limita o sentido do termo “arquitetos”, o que significa que estamos falando SOMENTE desses arquitetos (os que passaram anos sem encontrar a biblioteca de Alexandria). Com a inserção de vírgula, a oração adjetiva passaria a ser explicativa, o que nos permitiria deduzir que estávamos falando de TODOS os arquitetos existentes na face da terra.

c) Item errado A substituição do ponto-final após “rolos” por ponto e vírgula acarretaria incorreção gramatical e incoerência, pois o trecho “eles, na verdade, procuravam uma biblioteca estruturada para colecio­nar livros e não rolos” justifica o que se afirmou anteriormente, e o tre­cho “Quantas bibliotecas de Alexandria permanecem ignoradas devido à negligência com a materialidade dos meios de comunicação?” é uma pergunta retórica, portanto não faz parte de nenhuma justificativa. Além disso, o ponto de interrogação logo após “comunicação” tornaria errada a afirmação que se faz neste item.

d) Item errado A vírgula é obrigatória antes e depois da conjunção sempre que ela vem intercalada no período, portanto a retirada delas comprometeria a correção gramatical do texto.

e) Item errado – A expressão “da comunicação” é adjunto adnominal, por isso não pode ser separada por vírgulas.

 

5. D

 

Comentário:

 

a) Item errado O texto não faz referência a acesso à defensoria pública, mas ao Poder Judiciário – expressão mais abrangente. Além disso, o texto afirma que não basta o acesso ao Poder Judiciário; é necessário que a população conheça os seus direitos. Assim, podemos inferir que grande parte da população não procura a defensoria pública não porque não exerce seus direitos, mas porque os desconhece.

b) Item errado O texto não afirma que justiça e Poder Judiciário são matérias complementares, mas que “justiça não é simplesmente acesso ao Poder Judiciário, o qual, por mais estruturado e eficiente que seja, não a promove sozinho”.

c) Item errado – Ao contrário do que se afirma nesta alternativa, o texto não é imparcial com relação ao tema tratado, nem se limita a des­crever os conceitos de direito e justiça. Na realidade, como poderemos ver na alternativa D, o texto é dissertativo-argumentativo, uma vez que o autor defende uma tese, usando argumentos para defendê-la.

d) Item certo O que se afirma nesta alternativa é perfeito: o texto, por defender uma tese – a de que a cidadania só pode ser exercida de forma plena quando os indivíduos têm conhecimento de seus direitos e deveres –, é predominantemente dissertativo-argumentativo.

e) Item errado De acordo com o texto, não exercer os direitos que se tem por desconhecê-los é bastante grave não porque esse é um caso muito difícil de ser resolvido, mas porque essa ignorância é “hábil para provocar grande parte das mazelas sociais que lotam os jornais brasi­leiros contemporâneos”.

 

6. E

 

Comentário:

a) Item errado A substituição da oração adversativa pela concessiva pro­vocaria erro gramatical e incoerência. O trecho “Mas os danos que tais criminosos causam são minúsculos quando comparados com os de cri­minosos respeitáveis, que vestem colarinho branco e trabalham para as organizações mais poderosas” opõe-se ao que se disse no período ante­rior. Com a substituição sugerida, teríamos uma oração subordinada concessiva – iniciada pela conjunção “embora” – sem a principal, o que seria um erro. Se quiséssemos manter a relação semântica de oposição entre os dois períodos, poderíamos fazer a seguinte reescritura: Embora, para a maioria das pessoas, os assaltantes, assassinos e traficantes que possam ser encontrados em uma rua escura da cidade sejam o cerne do problema criminal, os danos que tais criminosos causam são minúsculos quando comparados com os de criminosos respeitáveis, que vestem colari­nho branco e trabalham para as organizações mais poderosas.

a) Item errado – Não pode haver crase, pois o termo “quanto” não exige preposição. Observemos a correlação do vocábulo “destruídas” com um masculino: quanto os destruídos.

c) Item errado – Ao contrário do que se afirma na alternativa, NÃO  haveria prejuízo caso fosse feita a substituição sugerida.

     A expressão “a cada ano”, adjunto adverbial, é indicadora de circunstância de tempo do fato expresso pelo verbo “provocar”. Como sabemos, os adjuntos adverbiais podem ficar no início, no meio ou no fim da oração, portanto o deslocamento desse adjunto para o início da oração não causaria prejuízo para o sentido original do texto nem para a correção gramatical. Observemos a estrutura sugerida: E, a cada ano, outros produtos perigosos, como o cigarro, também provocam, a cada ano, mais mortes do que essas. Quanto ao fato de o adjunto con­tinuar sendo separado por vírgulas, elas não são obrigatórias, visto que é de pequena extensão; foram usadas no texto para enfatizar esse adjunto.

d) Item errado – No texto não se faz a comparação dos danos causados pelo tabagismo com a soma dos de uma década de violência urbana e os de uso de produtos fabricados com amianto; fazem-se, isto sim, sepa­radamente, as seguintes comparações: os danos causados pelos crimi­nosos comuns – assaltantes, assassínios e traficantes – e os provocados pelos “criminosos respeitáveis, que vestem colarinho branco e traba­lham para as organizações mais poderosas”; os efeitos da indústria do asbesto (amianto) e os assassinatos ocorridos nos Estados Unidos da América durante uma década inteira; os efeitos de outros produtos perigosos, como o cigarro, e os assassinatos.

     Assim, em relação ao tabagismo, podemos observar que ocorrem mais mortes causadas por produtos perigosos, e entre esses produtos inclui-se o cigarro (aqui não se faz separadamente a comparação do tabagismo com a violência urbana), do que as causadas pela violência urbana.

e) Item certo De acordo com o texto, efeitos das ações de criminosos de rua não são, de fato, tão danosos à sociedade quanto os das ações praticadas por criminosos de colarinho-branco: “Mas os danos que tais criminosos (A expressão “tais criminosos” refere-se a “crimino­sos de rua”) causam são minúsculos quando comparados com os de criminosos respeitáveis, que vestem colarinho branco e trabalham para as organizações mais poderosas.”.

 

7. B

 

Comentário:

 

a) Item errado – A supressão das vírgulas que isolam a oração “se o medo não fosse constante” AFETARIA a correção gramatical do texto, uma vez que elas delimitam a oração subordinada adverbial intercalada (deslocada).

b) Item certo – A coerência e a coesão do texto não seriam prejudicadas, já que se respeitaria a correlação verbal: no texto original, o imper­feito do subjuntivo (fosse) se correlaciona com futuro do pretérito do indicativo (uniriam); na reescritura, o futuro do subjuntivo (for) corre­laciona-se com futuro do presente do indicativo (unirão).

c) Item errado – O verbo “alardear” está empregado no sentido de “mostrar-se”, “deixar transparecer”, “revelar”.

d) Item errado Deduz-se do texto que os problemas que assolam o mundo são consequência, não das desigualdades do mundo, mas da covardia, do conformismo, do comodismo, do individualismo.

e) Item errado – São regras diferentes:  palavra “índios” acentua-se porque é paroxítona terminada em ditongo oral, seguida de “s”; já “indígena” é proparoxítona.


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