Questões FCC – Interpretação de textos (1)

(Analista Judiciário/Execução de Mandados/TRT-1ª Região)

 

Texto 1: Confiar e desconfiar

 

       Desconfiar é bom e não custa nada − é o que diz o senso comum, valorizando tanto a cautela como a usura. Mas eu acho que desconfiar custa, sim, e às vezes custa demais. A desconfiança costuma ficar bem no meio do caminho da aventura, da iniciativa, da descoberta, atravancando a passagem e impedindo – quem sabe? − uma experiência essencial.

       Por desconfiar deixamos de arriscar, permitindo que a prudência nos imobilize; por cautela, calamo-nos, não damos o passo, desviamos o olhar. Depois, ficamos ruminando sobre o que teremos perdido, por não ousar.

       O senso comum também diz que é melhor nos arrependermos do que fizemos do que lamentarmos o que deixamos de fazer. Como se vê, a sabedoria popular também hesita, e se contradiz. Mas nesse capítulo da desconfiança eu arrisco: quando confiar é mais perigoso e mais difícil, parece-me valer a pena. Falo da confiança marcada pela positividade, pela esperança, pelo crédito, não pela mera credulidade.

       Mesmo quando o confiante se vê malogrado, a confiança terá valido o tempo que durou, a qualidade da aposta que perdeu. O desconfiado pode até contar vantagem, cantando alto: − Eu não falei? Mas ao dizer isso, com os pés chumbados

no chão da cautela temerosa, o desconfiado lembra apenas a estátua do navegante

que foi ao mar e voltou consagrado. As estátuas, como se sabe, não viajam nunca, apenas podem celebrar os grandes e ousados descobridores.

       “Confiar, desconfiando” é outra pérola do senso comum. Não gosto dessa orientação conciliatória, que manda ganhar abraçando ambas as opções. Confie,

quando for esse o verdadeiro e radical desafio.

      (Ascendino Salles, inédito

 

1. Quanto ao sentimento da desconfiança, o texto manifesta clara divergência do senso comum, pois, para o autor, esse sentimento

 

a) leva, como é sabido, à prática da prudência, que é a chave das grandes criações humanas.

b) traz, como poucos sabem, a consequência de esperar que tudo acabe se resolvendo por si mesmo.

c) acaba, como poucos reconhecem, por impedir que se tomem iniciativas audazes e criativas.

d) traduz, como poucos sabem, a vantagem de se calcular muito bem cada passo das experiências essenciais.

e) importa, como é sabido, em eliminar a dose de irracionalidade que deve acompanhar a prudência conservadora.

 

2. Atente para as seguintes afirmações:

 

a) No primeiro parágrafo, os termos cautela e usura são atributos de que o autor se vale para exprimir o que como desvantagens da mais cega confiança.

b) No segundo parágrafo, o segmento ficamos ruminando sobre o que teremos perdido refere-se aos remorsos que sentimos depois de uma iniciativa intempestiva.

c) No terceiro parágrafo, a expressão mera credulidade é empregada para distinguir a ingenuidade do homem crédulo da consciência ativa do confiante.

 

Em relação ao texto, está correto o que se afirma em

 

a) I, II e III.

b) I e III, apenas.

c) II e III, apenas.

d) II, apenas.

e) III, apenas.


 

3. Considerando-se o contexto, está claro e corretamente traduzido o sentido deste segmento:

 

a) permitindo que a prudência nos imobilize (2º parágrafo) = estacando o avanço da cautela.

b) a sabedoria popular também hesita, e se contradiz (3º parágrafo) = a proverbial sabedoria também se furta aos paradoxos.

c) o confiante se malogrado (3º parágrafo) = deixa-se frustrar quem não ousa.

d) pés chumbados no chão da cautela temerosa (3º parágrafo) = imobilizado pela prudência receosa.

e) orientação conciliatória (4º parágrafo) = paradigma incontestável.

 

4. O autor afirma que a sabedoria popular também hesita, e se contradiz − fato que se pode constatar quando se comparam os seguintes provérbios:

 

a) Quem vê cara não vê coração e Nem tudo o que reluz é ouro.

b) Quem espera sempre alcança e Deus ajuda quem cedo madruga.

c) Casa de ferreiro, espeto de pau e Santo de casa não faz milagre.

d) Depois da tempestade vem a bonança e Nada como um dia depois do outro.

e) A união faz a força e Uma andorinha só não faz verão.

 

5. Mantendo-se o sentido e a correção, a frase Confiar, desconfiando ganha desenvolvimento e explicitação em:

 

a) Quem confia acaba por estar desconfiando.

b) Somente quem desconfia é capaz de confiar.

c) A desconfiança, embora incompatível, faz confiar.

d) Não dispense a desconfiança quem se ponha a confiar.

e) Ainda quando se desconfie, mais vale a pena se confiar.

____________________________________________________________________

 

(Analista Judiciário/TRT/2ª Região)

 

Texto 2: Pensando os blogs

 

       Há não muito tempo, falava-se em imprensa escrita, falada e televisada quando se desejava abarcar todas as possibilidades da comunicação jornalística. Os jornais e as revistas, o rádio e a televisão constituíam o pleno espaço público das informações. Tinham em comum o que se pode chamar de “autoria institucional”: dizia-se, por exemplo, que tal notícia “deu no Diário Popular”, ou “foi ouvida na rádio Cacique”, ou “passou no telejornal da TV Excelsior”. Funcionava como prova de veracidade do fato.

       Hoje a autoria institucional enfrenta séria concorrência dos autores anônimos, ou semianônimos, que se valem dos recursos da internet, entre eles os incontáveis blogs. Considerados uma espécie de cadernos pessoais abertos, os blogs possibilitam intervenção imediata do público e exploram em seu espaço virtual as mais distintas formas de linguagem: textos, desenhos, gravuras, fotos, músicas, vídeos, ilustrações, reportagens, entrevistas, arquivos importados etc. A novidade maior dos blogs está nessa imediata conexão que podem realizar entre o que seria essencialmente privado e o que seria essencialmente público. Até mesmo alguns velhos jornalistas mantêm com regularidade esses espaços abertos da internet, sem prejuízo para suas colunas nos jornais tradicionais. A diferença é que, em seus blogs, eles se permitem depoimentos subjetivos e apreciações pessoais que não teriam lugar numa Folha de S. Paulo ou num O Globo, por exemplo. São capazes de narrar a cerimônia de posse do presidente da República incluindo os apartes e as impressões dos filhos pequenos que também acompanhavam e comentavam o evento.

       Qualquer cidadão pode resolver sair da casca e dizer ao mundo o que pensa da seleção brasileira, ou da mulher que o abandonou, ou da falta de oportunidades no seu ramo de negócio. Artistas plásticos trocam figurinhas em seus blogs diante de um largo público de espectadores, escritores adiantam um capítulo do próximo romance, um músico resolve divulgar sua nova canção já acompanhada de cifras para acompanhamento no violão. É só abrir um espaço na internet.

       Outro dia, num blog de algum sucesso, o autor gabava-se de promover democraticamente, entre os incontáveis seguidores seus, uma discussão sobre as mesmas questões que preocupavam a roda fechada e cerimoniosa dos filósofos companheiros de Platão. Isso sim, argumentava ele, é que é um diálogo verdadeiro. Tal atrevimento supõe que quantidade implicaria qualidade, e que democracia é uma soma infinita das impressões e opiniões de todo mundo.

       Não importa a extensão das descobertas tecnológicas, sempre será imprescindível a atuação do nosso espírito crítico diante de cada fato novo que se imponha à nossa atenção.

(Belarmino Braga, inédito.)

 

6. Considerando-se o contexto, deve-se entender por “autoria institucional” uma atribuição que se aplica a:

 

a) grupos de pessoas que participam regularmente de um mesmo blog.

b) informações publicadas em conhecidos órgãos da imprensa.

c) linguagens jornalísticas criadas para concorrer com as dos blogs.

d) matérias publicadas em série sucessiva num mesmo órgão da imprensa.

e) reportagens assinadas por jornalistas devidamente credenciados.

 

7. De acordo com o texto, os blogs têm como característica:

 

I.  a abertura para participação autoral de leitores interessados em se manifestar num espaço virtual constituído;

II.  a reversão de matérias que seriam, a princípio, de interesse público em matérias de interesse exclusivamente privado;

III. a exploração de diferentes gêneros literários e linguagens outras que não a verbal, além da plena liberdade na eleição dos temas a serem tratados.

 

Em relação ao texto, é correto depreender o que se afirma em:

 

a) I, II e III.

b) I e II, apenas.

c) I e III, apenas.

d) II e III, apenas.

e) I, apenas.


 

8. Ao final do texto, o autor desaprova, precisamente, o fácil entusiasmo de quem considera os blogs:

 

a) irrefutáveis evidências das vantagens tecnológicas de que muitos podem usu- fruir.

b) exemplos incontestes da superioridade da inteligência artificial em relação à humana.

c) válidos desafios, que podem e devem estimular a nossa reação e análise críticas.

d) diálogos espontâneos e, por isso, verdadeiros, em consonância com a tradi- ção dos diálogos platônicos.

e) espaços generosos que multiplicam debates de nível superior aos diálogos dos pensadores clássicos.

 

9. Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento em:

 

a) abarcar todas as possibilidades (1° parágrafo) = incrementar todas as hipóteses.

b) prova de veracidade do fato (1º parágrafo) = aprovação da verossimilhança da ocorrência.

c) possibilitam intervenção imediata do público (2º parágrafo) = consignam o imediatismo do público participante.

d) a roda fechada e cerimoniosa dos filósofos (4º parágrafo) = o círculo restrito e solene dos pensadores.

e) atuação do nosso espírito crítico (5º parágrafo) = apropriação de nossa sensibilidade intuitiva.

 

10. A expressão cadernos pessoais abertos (2° parágrafo), no contexto,

 

a) assinala a conexão que os blogs promovem entre a esfera do privado e a esfera pública.

b) refere-se ao caráter acidental e transitório que marca a vigência dos blogs

como espaço virtual.

c) indica o primarismo um tanto escolar que costuma caracterizar as linguagens exploradas nos blogs.

d) enfatiza a contradição que impede os blogs de constituírem um espaço de discussão democrática.

e) ressalta o improviso e a superficialidade das confidências que habitualmente se fazem nos blogs.


 

11. No contexto do parágrafo, a frase final “É abrir um espaço na internet” tem como sentido implícito o que enuncia este segmento:

 

a) e assim se comprovará como é possível superar Platão.

b) para corporificar essas iniciativas na linguagem de um blog.

c) e advirão as reações que costuma provocar a autoria institucional.

d) para se comprovar a efemeridade das informações de um blog.

e) para que um blog passe a enfrentar severa reação crítica.

 

Texto 3: Leis religiosas e leis civis

 

       As leis religiosas têm mais sublimidade; as leis civis dispõem de mais extensão.

As leis de perfeição, extraídas da religião, têm por objeto mais a bondade do homem que as segue do que a da sociedade na qual são observadas; ao contrário, as leis civis versam mais sobre a bondade moral dos homens em geral do que sobre a dos indivíduos.

       Deste modo, por respeitáveis que sejam os ideais que nascem imediatamente da religião, não devem sempre servir de princípio às leis civis, porque é outro o princípio destas, que é o bem geral da sociedade.

                     (Montesquieu, Do espírito das leis.)

 

12. Atentando-se para a primeira frase e considerando-se o conjunto do texto, os termos “sublimidade” eextensão” dizem respeito, respectivamente, ao caráter:

 

a) místico dos evangelhos canônicos e materialista dos textos da jurisprudência.

b) de espiritualidade das normas religiosas e de abrangência social do direito civil.

c) dogmático das convicções de e libertário das legislações constitucionais.

d) divino dos postulados cristãos e humanista da declaração dos direitos huma- nos.

e) de profundidade das certezas místicas e de superficialidade da ordem jurídica.


 

13. Atente para as seguintes afirmações:

 

I. A bondade do indivíduo e as virtudes coletivas são instâncias que se ligam entre si, de modo inextricável e em recíproca dependência.

II. A diferença de princípios permite distinguir entre o que de respeitável nos ideais religiosos e o que se elege como um bem comum nas leis civis.

III. Tanto no âmbito das leis civis quanto no das religiosas, o objetivo último é o mesmo: o aprimoramento moral do indivíduo.

 

Em relação ao texto, está correto o que se afirma em:

 

a) I, II e III.

b) I e II, apenas.

c) II e III, apenas.

d) I e III, apenas.

e) II, apenas.

 

14. “As leis religiosas têm mais sublimidade; as leis civis dispõem de mais extensão.”

 

A respeito da construção da frase acima, é correto afirmar que:

 

a) o verbo dispor”  foi empregado no mesmo sentido que assume na frase “A soli- dão dispõe o homem à melancolia”.

b) da comparação entre leis civis e leis religiosas, expressa pelo termo mais, resulta a superioridade inconteste de uma delas.

c) entre os dois segmentos separados pelo ponto e vírgula estabelece-se uma relação de sentido equivalente ao da expressão ao passo que.

d) entre os dois segmentos separados por ponto e vírgula estabelece-se uma relação de sentido equivalente ao da expressão por conseguinte.

e) o verbo dispor”  foi empregado no mesmo sentido que assume na fraseO sacristão dispôs o altar para a missa.”

 

Gabarito

 

1. C

 

Comentário:

 

a) Item errado – Ao contrário do que se afirma nesta alternativa, a prática da prudência é um empecilho às grandes criações humanas, uma vez que “deixamos de arriscar, permitindo” que ela “nos imobilize”.

b) Item errado A afirmação de que a “desconfiança” traz, como poucos sabem, a consequência de esperar que tudo acabe se resolvendo por si contraria o teor do texto: por causa da desconfiança, não agimos; em consequência nada se resolverá: “depois, ficaremos ruminando sobre o que teremos perdido, por não ousar”.

c) Item certo Em relação à “desconfiança”, o autor discorda do senso comum, pois, para ele, esse sentimento acaba, como poucos reconhecem, por impedir que se tomem iniciativas audazes e criativas. Isso pode ser comprovado no texto: “A desconfiança costuma ficar bem no meio do caminho da aventura, da iniciativa, da descoberta, atravancando a passagem e impedindo quem sabe? uma experiência essencial. Por desconfiar deixamos de arriscar, permitindo que a prudência nos imobilize; por cautela, calamo-nos, não damos o passo, desviamos o olhar.”.

d) Item errado – O texto não faz referência a qualquer vantagem da “desconfiança”.

e) Item errado Não qualquer menção à eliminação da dose de irracionalidade que deve acompanhar a prudência conservadora.

 

2. E

 

Comentário:

 

I. Item errado O senso comum afirma que “desconfiar é bom e não custa nada”, “valorizando tanto a cautela como a usura”, dois termos que exprimiriam vantagens da desconfiança. Para o autor, ao contrário do senso comum, “cautela” e “usura” são defeitos da desconfiança.

II. Item errado O segmento ficamos ruminando sobre o que teremos perdido refere-se não aos remorsos que sentimos depois de uma iniciativa intempestiva, mas por não termos agido, que nos faltara ousadia: “Depois, ficamos ruminando sobre o que teremos perdido, por não ousar.”.

III. Item certo A expressão mera credulidade é empregada para distinguir a ingenuidade do homem crédulo da consciência ativa do confiante. Em outras palavras, o autor defende a confiança “marcada pela positividade, pela esperança, pelo crédito”, não (a confiança marcada) pela mera credulidade, que significa “ingenuidade do homem crédulo”.

 

3. D

 

Comentário:

a) Item errado permitindo que a prudência nos imobilize SIGNIFICA consentir que a cautela nos paralise; estacando o avanço da cautela SIGNIFICA não permitindo que a prudência avance.

b) Item errado – a sabedoria popular também hesita, e se contradiz SIGNI- FICA a moral corrente expressa por provérbios (= a sabedoria do povo) também demonstra dúvida, e diz o contrário do que antes afirmara; a proverbial sabedoria também se furta aos paradoxos SIGNIFICA a conhecida sabedoria também se esquiva das contradições.


c) Item errado o confiante se malogrado SIGNIFICA o esperançoso se sente malsucedido; deixa-se frustrar quem não ousa SIGNIFICA aquele que não tem ousadia permite decepcionar-se.

d) Item certo As expressões pés chumbados no chão da cautela temerosa e imobilizado pela prudência receosa são sinônimas contextuais. Observemos que, em sentido figurado, o termo “pés chumbados” apresenta o significado de “pés presos”; então, por extensão de sentido, “pés chumbados” tem o sentido de “imobilizado”.

e) Item errado – orientação conciliatória SIGNIFICA posição de harmonização; paradigma incontestável SIGNIFICA modelo que não se põe em dúvida.

 

4. B

 

Comentário:

 

a) Item errado – Não há contradição entre os provérbios: ambos significam que as aparências enganam.

b) Item certo – Observa-se um sentido de oposição entre os dois provérbios: “Quem espera sempre alcança” significa que basta ter paciência para se conseguir algo, portanto não é preciso agir; já “Deus ajuda quem cedo madruga” sugere que, para se obter algo, é necessário esforço, dedicação e persistência, ou seja, é imprescindível que se lute pelos objetivos.

c) Item errado – Ambos os provérbios sugerem que falta algo onde não podia faltar.

d) Item errado – Os dois provérbios significam que depois da desgraça vem a ventura.

e) Item errado – Os dois provérbios sugerem que, para que se consiga algo, é necessária uma ação coletiva.

 

5. D

 

Comentário: A frase Confiar, desconfiando ganha desenvolvimento e explicitação em “Não dispense a desconfiança quem se ponha a confiar”, ou seja, é necessário ser prudente, e não acreditar cegamente em algo ou em alguém.

 

6. B

 

 Comentário:

       Considerando-se o contexto, deve-se entender por ‘autoria institucional’ uma atribuição que se aplica a informações publicadas em conhecidos órgãos da imprensa.

     Francisco Alves Filho, em A Autoria institucional nos editoriais de jornais (Alfa, São Paulo, 50 (1): 77-89, 2006), diz que “autoria institucional – (é) ‘aquela que assume a responsabilidade por textos assinados por empresas e instituições (...)’”. De acordo com o texto, o conteúdo veiculado pelos jornais e as revistas possuía valor de verdade. Isso pode ser comprovado no trecho a seguir: “Há não muito tempo, falava-se em imprensa escrita, falada e televisada quando se desejava abarcar todas as possibilidades da comunicação jornalística. Os jornais e as revistas, o rádio e a televisão constituíam o pleno espaço público das informações. Tinham em comum o que se pode chamar de ‘autoria institucional’: dizia-se, por exemplo, que tal notícia ‘deu no Diário Popular’, ou ‘foi ouvida na rádio Cacique’, ou ‘passou no tele- jornal da TV Excelsior’. Funcionava como prova de veracidade do fato.”

 

7. C

 

Comentário:

 

Item I: certo – A afirmação pode ser comprovada com este trecho: “Hoje a autoria institucional enfrenta séria concorrência dos autores anônimos, ou semianônimos, que se valem dos recursos da internet, entre eles os incontáveis blogs. Considerados uma espécie de cadernos pessoais abertos, os blogs possibilitam intervenção imediata do público e exploram em seu espaço virtual as mais distintas formas de linguagem (...)”.

Item II: errado – Não é verdade que os blogs transformem matérias que seriam, a princípio, de interesse público em matérias de interesse exclusivamente privado. O que se diz no texto é que a “novidade maior dos blogs está nessa imediata conexão que podem realizar entre o que seria essencialmente privado e o que seria essencialmente público”. Em outras palavras, os blogs veiculam “depoimentos subjetivos e apreciações pessoais que não teriam lugar numa Folha de S. Paulo ou num O Globo, por exemplo. São capazes de narrar a cerimônia de posse do presidente da República incluindo os apartes e as impressões dos filhos pequenos que também acompanhavam e comenta- vam o evento”.

Item III: certo – As duas afirmações do enunciado estão corretas, uma vez que podem ser comprovadas no texto:

     Primeira: “os blogs têm como característica a exploração de diferentes gêneros literários e linguagens outras que não a verbal” – “os blogs (...) exploram em seu espaço virtual as mais distintas formas de linguagem: textos, desenhos, gravuras, fotos, músicas, vídeos, ilustrações, reportagens, entrevistas, arquivos importados etc.”. (Observemos que “reportagens” e “entrevistas” são diferentes gêneros; “desenhos”, “gravuras”, e “fotos”, por exemplo, fazem parte da linguagem não verbal.)

  Segunda: “plena liberdade na eleição dos temas a serem tratados” – “Qualquer cidadão pode resolver sair da casca e dizer ao mundo o que pensa da seleção seu ramo de negócio. Artistas plásticos trocam figurinhas em seus blogs diante de um largo público de espectadores, escritores adiantam um capítulo do próximo romance, um músico resolve divulgar sua nova canção”.

 

8. E

 

Comentário:

 

a) Item errado – O autor não faz referência às “irrefutáveis evidências das vantagens tecnológicas de que muitos podem usufruir”. O que ele desaprova, isto sim, é a falta de “nosso espírito crítico diante de cada fato novo que se imponha à nossa atenção”, como se pode deduzir do trecho a seguir: “Não importa a extensão das descobertas tecnológicas, sempre será imprescindível a atuação do nosso espírito crítico diante de cada fato novo que se imponha à nossa atenção”.

b) Item errado – No texto não há qualquer alusão à “superioridade da inteligência artificial em relação à humana”.

c) Item errado – Ao contrário do que se afirma nesta alternativa, o autor é favorável a desafios que podem e devem estimular a nossa reação e análise críticas, como se pode deduzir do último parágrafo: “Não importa a extensão das descobertas tecnológicas, sempre será imprescindível a atuação do nosso espírito crítico diante de cada fato novo que se imponha à nossa atenção”.

d) Item errado  Dizer “platônicos” não significa que são espontâneos ou verdadeiros; na visão do autor do texto, esses diálogos são um “atrevimento”.

e) Item certo – O articulista do texto critica o autor de um blog que se vangloriava “de promover democraticamente, entre os incontáveis seguidores seus, uma discussão sobre as mesmas questões que preocupavam a roda fechada e cerimoniosa dos filósofos companheiros de Platão. Isso sim, argumentava ele, é que é um diálogo verdadeiro.” Afirma o articulista que tal discussão era um “atrevimento”, que supunha “que quantidade implica- ria qualidade, e que democracia é uma soma infinita das impressões e opiniões de todo mundo...”.

 

9. D

 

Comentário:

 

a) Item errado – Correção: abarcar todas as possibilidades = abranger todas as possibilidades; incrementar todas as hipóteses = desenvolver todas as suposições.

b) Item errado – Correção: prova de veracidade do fato = comprovação da verdade do fato; aprovação da verossimilhança da ocorrência = concordância da aparência de verdade do acontecimento.

c) Item errado – Correção: possibilitam intervenção imediata do público = permitem que o público se manifeste logo em seguida; consignam o imediatismo do público participante = assinalam (= registram) o modo rápido como o público se manifesta.

d) Item certo – A segunda expressão é uma paráfrase perfeita da primeira: círculo = roda; restrito = fechado; solene = cerimonioso; filósofos = pensadores. Vejamos as demais opções:

e) Item errado – Correção: atuação do nosso espírito crítico = o ato de fazermos julgamento; apropriação de nossa sensibilidade intuitiva = uso de nossa capacidade de pressentir as coisas.

 

10. A

 

Comentário:

 

       A expressão “cadernos pessoais abertos”, no contexto, assinala a conexão que os blogs promovem entre a esfera do privado e a esfera pública”.    A imagem de “cadernos pessoais abertos” nos leva a pensar que nossa visão particular é compartilhada com o público. De acordo com o autor, os blogs permitem que misturemos algo pessoal – nossa opinião, cren- ças, fatos vividos por nós – com o que realmente é um fato público. Observemos o trecho a seguir: “Considerados uma espécie de cadernos pessoais abertos, os blogs possibilitam intervenção imediata do público (...). A novidade maior dos blogs está nessa imediata conexão que podem realizar entre o que seria essencialmente privado e o que seria essencial- mente público.”

 

11. B

 

Comentário:

 

a) Item errado – O pensamento de Platão não é superado. Aliás, o articulista critica incontáveis seguidores seus, uma discussão sobre as mesmas questões que preocupavam a roda fechada e cerimoniosa dos filósofos companheiros de Platão”.

b) Item certo De acordo com o texto, qualquer pessoa pode manifestar-se num blog, corporificando (corporificando = materializando) assim seu ponto de vista. Prova disso é o trecho a seguir: “Qualquer cidadão pode resolver sair da casca e dizer ao mundo o que pensa da seleção brasileira, ou da mulher que o abandonou, ou da falta de oportunidades no seu ramo de negócio. Artistas plásticos trocam figurinhas em seus blogs diante de um largo público de espectadores, escritores adiantam um capítulo do próximo romance, um músico resolve divulgar sua nova canção já acompanhada de cifras para acompanhamento no violão.”

c) Item errado – O que pode provocar reações são os blogs, e não a autoria institucional.

d) Item errado   O texto não faz referência à efemeridade das informações de um blog.

e) Item errado “para que um blog passe a enfrentar severa reação crítica”. A frase, em si, não é motivo para despertar qualquer reação crítica.

 

12. B

 

Comentário:

 

 As leis religiosas são sublimes; regulamentam somente a conduta daqueles que as professam. Notemos que o termo “sublimidade” significa “o mais alto grau da grandeza artística e moral”, “excelência”, “perfeição”. Já as leis civis são mais extensas, ou seja, mais abrangentes, pois regulamentam o cidadão e a sociedade.

 

13. E

 

Comentário:

 

Item I: errado – Como veremos no item II, não é verdade que “a bondade do indivíduo e as virtudes coletivas” se liguem entre si, de modo inextricável (inextricável = inseparáveis) e em recíproca dependência.

Item II: certo – O último parágrafo confirma que a diferença de princípios permite distinguir entre o que há de respeitável nos ideais religiosos e o que se elege como um bem comum nas leis civis: “Deste modo, por respeitáveis que sejam os ideais que nascem imediatamente da religião, não devem sempre servir de princípio às leis civis, porque é outro o princípio destas, que é o bem geral da sociedade”. Item III: errado – “Tanto no âmbito das leis civis quanto no das religiosas, o objetivo último é o mesmo: o aprimoramento moral do indivíduo”.

     O objetivo último é diferente: o da religião é “mais a bondade do homem que as segue do que a da sociedade na qual são observadas”; o das leis civis é “mais sobre a bondade moral dos homens em geral do que sobre a dos indivíduos”.

 

14. C

 

Comentário:

 

a) Item errado – Na frase “A solidão dispõe o homem à melancolia.”, o verbo “dispor” significa, segundo o Dicionário eletrônico Houaiss, “tornar suscetível ou predisposto a; predispor”; ao passo que na frase deste texto possui o significado de “possuir”.

b) Item errado – “da comparação entre leis civis e leis religiosas, expressa pelo termo mais, resulta a superioridade inconteste de uma delas”.

O advérbio “mais” intensifica qualidades dos dois tipos de leis, por isso não há superioridade inconteste de uma delas. Vejamos: em relação à sublimidade, as leis religiosas são superiores; já em relação à extensão, a superioridade pertence às leis civis.

c) Item certo A respeito da construção da frase “As leis religiosas têm mais sublimidade; as leis civis dispõem de mais extensão.”, é correto afirmar que “entre os dois segmentos separados pelo ponto e vírgula estabelece-se uma relação de sentido equivalente ao da expressão ao passo que.”


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